terça-feira, 31 de dezembro de 2013
quinta-feira, 26 de dezembro de 2013
ANO NOVO
Jerri Almeida
Na mitologia grega, quando
Urano, o Céu, fecunda a Terra, nasce a
geração dos Titâns e, dentre eles, Cronos, o tempo. Com extrema ferocidade,
Cronos devora os seus próprios filhos, com exceção de Zeus que resiste ao
tempo, conquistando a imortalidade. O tempo é implacável! É rápido como um raio
de luz que cruza o ambiente com uma rapidez audaz, imperceptível. O tempo é
dominador, subjuga as criaturas humanas de forma indelével e a faz suas
escravas.
Voltando para a mitologia,
agora romana, Jano era cultuado como o “deus dos inícios”. Divindade
responsável pelo fim de uma etapa e início de outra. No calendário romano e
depois cristão, deu origem ao nome “janeiro”, definido como o primeiro mês do
ano. Dezembro, último mês do ano representa matemática e simbolicamente o fim
de uma etapa, com suas experiências, acertos e desacertos, méritos e deméritos,
felicidades e desditas. Vivemos na órbita do tempo e de suas representações.
O relacionamento humano com
o tempo carrega uma forte bagagem de subjetividades ancoradas na memória que,
aliás, na mitologia grega, é a irmã de Cronos. O tempo é depositário das
lembranças, dos fatos vividos em família, com amigos, dos afetos e desafetos.
Boas e más recordações fazem parte da vida. Algemar-se ao passado,
principalmente sobre os eventos negativos, é algo que exige ser bem
administrado pelo departamento da inteligência e dos sentimentos. Em nada
contribui uma fixação melancólica no passado, uma vez que essa fixação,
normalmente, retira da pessoa o foco principal de sua vida: o presente.
Ao aproximar-se o período de
final de ano, pessoas há que se dizem envolver, sem que saibam explicar, por
uma boa dose de tristeza e melancolia. Ficam quietas, buscam o isolamento
evitando festas e diversões. A psicologia busca uma possível explicação para
esse fenômeno em prováveis conteúdos inconscientes, vividos consciente ou
inconscientemente, em algum momento da vida e que, por algum motivo, afloram
nessa época: a perda de uma pessoa, um
desencanto amoroso, objetivos alimentados durante aquele ano mas não atingidos,
etc.
Nem todos, portanto, estão
convencidos de que devem comemorar, ufanisticamente, a virada do ano. Alguns preferem o silêncio. Familiares e
amigos muitas vezes não compreendem, nem respeitam, tais posturas. Cada pessoa
tem sua própria forma de reagir a essas representações do tempo, pois isso mexe
com conteúdos profundos de nossa alma.
Ocorre, na lógica comum, que comemorar o fim de ano é fazer o que todos
fazem: vesti-se de branco, se possível
ir para a beira da praia, tomar champanhe e terminar a noite numa boate ou a um
show qualquer, uma verdadeira festa de passagem. Quem adota outro comportamento
que fuja dessas convenções deve “estar doente”.
O relacionamento do homem
com o tempo possui uma dimensão cultural, simbólica, idílica ou lúdica. O final
do ano, nesse contexto representa uma forte tradição cultural no universo dos
rituais de passagem, herdeiros do imaginário ancestral, e dos rituais pagãos. O
fato é inquestionável: somos seres fortemente influenciados pela noção de
tempo. Parece haver um tempo para tudo, e comportamentos convencionados para
cada situação. Negar-se a aceitar essas representações do tempo sobre nós,
parece ser tarefa quase revolucionária, anarquista mesmo!
Mas, como tantas outras
revoluções, que expressão até certo ponto a rebeldia humana, o rebelar-se
contra o tempo, seus significados e efeitos sobre nós não mudará a
temporalidade das coisas. Será uma batalha perdida! Melhor, talvez, seja
aprendermos a conviver bem com o presente e tudo o que dele possamos extrair
para torná-lo pleno de possibilidade e de ações afirmativas na composição de um
ser humano mais ético e solidário.
quarta-feira, 4 de dezembro de 2013
NATAL - VERDADEIRO DESAFIO À REFLEXÃO ÉTICA
Jerri Almeida
Os historiadores do
cristianismo empenham-se por encontrar os indícios materiais que comprovariam a
existência do homem Jesus. Além da Bíblia, encontramos outras poucas
referências a Jesus em autores como Flavius Josephus, um historiador judeu do
primeiro século. Em sua obra: Antiguidades, ele afirma: “Havia por aquele tempo
Jesus, um homem sábio, se for direito chamá-lo de homem...”
No século II, Tácito, um
famoso historiador romano também se refere a: “...Cristo, que o procurador
Pôncios Pilatos entregou ao suplício.” Seria desnecessário enumerar outras
referências. O fato é que o cristianismo ganhou cada vez mais espaço dentro do
declinante Império Romano, passando, também, a sofrer uma mistura cultural,
quase inevitável.
Dessa forma, a data que hoje conhecemos como
atribuída ao Natal, foi definida no ano 336 d.C. O 25 de dezembro, oficializado no século IV, originou as festividades do nascimento de
Jesus. Foi uma transposição cultural às comemorações, na mesma data, do
nascimento de Mitra, o deus-sol de origem Persa.
O Natal, entretanto, aí
está, quer seja nos seus aspectos simbólicos, ou no sentimento que impele o ser
humano a uma profunda revisão de seus valores. Na crise de civilização que a
humanidade atravessa, a proposta cristã
– fundada na ética do amor – é muito mais profunda do que as meras apelações
comerciais construídas pela sociedade capitalista.
Na verdade, podemos
identificar na mensagem natalina um verdadeiro desafio à reflexão ética.
Muito embora sem nada escrever, Jesus Cristo continua influenciando milhões de
pessoas, em todo o mundo. Longe de
estarem superados, os seus ensinos morais representam um admirável repositório
de sabedoria. Em O Livro dos Espíritos,
Allan Kardec na questão 625 indagando os benfeitores espirituais sobre quem
seria o Ser que Deus enviou à Terra para nos servir de modelo e guia, obteve
como resposta: “Jesus”.
Figura paradigmática, Jesus
é o homem mais falado da história. Sobre nenhum outro personagem se escreveu tantos
livros, seja para desvendar sua personalidade, para interpretar seus ensinos ou
para mencionar seus fatos notáveis. Apesar disso, o jornalista e psicólogo
espanhol Juan Árias chegou a afirmar sobre Jesus: “Esse grande
desconhecido”. Antes dele, no entanto, o
historiador francês Ernest Renan já havia dito que Jesus era: “Um homem
incomparável”.
O Natal não deve ser visto
nos acanhados limites dos rituais religiosos ou nos festejos para troca de
presentes. A proposta apresenta por Jesus nesses vinte e um séculos de
cristianismo é profundamente inovadora, repercutindo numa nova ética para a
vida.
Nos dias atuais, marcados
por tanta rigidez dos sentimentos, de violência e de desigualdades sociais
marcantes caracterizando uma sociedade que atingiu alto nível de
desenvolvimento tecnológico, mas que ainda se encontra encarcerada nos grilhões
da indiferença, a mensagem do Cristo continua emblemática.
quinta-feira, 14 de novembro de 2013
INTERPRETAÇÕES
Jerri Almeida
I-A interpretação como problema
Compreender a obra de um determinado autor requer um mergulho
responsável, ao longo do tempo, no seu estudo e reflexão, onde o estudioso possa
exercer a delicada tarefa de transitar da doxologia (opinião), para a
epistemologia (conhecimento). Significa, portanto, que o estudo de uma obra em
particular, de um pensador, ou de uma doutrina, exige o deciframento, o mais
fiel possível, do conjunto das ideias formuladas. Algo como: uma arqueologia do
saber.
Seria ingenuidade, todavia, supor a neutralidade absoluta do
sujeito/leitor/pesquisador, nesse processo de “aproximação da verdade”. A parcela de subjetividade do sujeito
responderá, em maior ou menor grau, pela proximidade ou distanciamento da
essência de seu objeto de estudo. Assim, o tratamento dos dados, as operações
específicas, permite uma relação mais objetiva, poupando o sujeito das
artimanhas, armadilhas ou tropeços no suposto conhecimento sobre algo.
Em Obras Póstumas, Kardec escreveu:
É imprescindível o
direito de exame e de crítica e o Espiritismo não alimenta a pretensão de
subtrair-se ao exame e à crítica, como não tem a de satisfazer a toda gente.
Cada um é, pois, livre de o aprovar ou rejeitar; mas para isso, necessário se
faz discuti-lo com conhecimento de causa.
(Grifos meus)
(Ligeira Resposta
aos Detratores do Espiritismo. Obras
Póstumas, 1ª Parte.)
Não são poucos os conflitos envolvendo o problema
das interpretações sobre aspectos doutrinários. Sabemos que o Espiritismo não
foi ditado completo, nem imposto à crença cega. Cabe ao ser humano a observação
dos fatos, o trabalho de estudar, comentar e comparar a fim de tirar suas
próprias ilações e aplicações. No entanto, um dos primeiros problemas que se
apresenta é o das interpretações dos textos. Mas, o que é interpretar?
A rigor, podemos definir dois sentidos para o ato
de interpretar um texto:
a) a interpretação como desvelamento do seu sentido
original;
b) a interpretação como construção de significados
pessoais.
O primeiro consiste na ideia de que interpretar é
buscar o sentido atribuído ao texto pelo próprio autor. Desta forma, a boa
interpretação seria aquela que busca descobrir o que o autor (ou autores, no
caso dos espíritos) queria dizer quando escreveu sobre determinado assunto. É o
esforço em buscar o seu sentido original.
No segundo caso, busca-se admitir que quem dá o
significado para o texto é quem o lê, e não quem o escreveu. Nesse caso, toda
interpretação termina sendo um processo essencialmente subjetivo, muito
vinculado ao que os gregos chamavam de “doxologia”, ou seja, a livre opinião. E
toda interpretação, em tese, poderia ser aceita.
Entretanto, ao estudarmos os livros da Doutrina
Espírita, será que toda e qualquer interpretação será válida? Allan Kardec, em O Livro dos Médiuns, quando trata dos
Sistemas, analisando os fenômenos mediúnicos que originaram o Espiritismo,
assim se pronunciou:
Quando foram
averiguados por testemunhos irrecusáveis e através de experiências que todos
puderam fazer, aconteceu que cada qual os interpretou a seu modo, de acordo com
suas ideias pessoais, suas crenças e seus preconceitos. Daí, o aparecimento dos
numerosos sistemas que uma observação mais atenta deveria reduzir ao seu justo
valor.
(Allan Kardec. O Livro dos Médiuns.
Cap. 4, item 36. )
Quando cada um interpreta do seu modo, como
observou Kardec, abrem-se brechas para as ideias pessoais prevalecerem sobre o
conteúdo original das obras. Isso representa sempre uma temeridade, pois abre
espaço para que os interesses individuais se destaquem. Surgem então erros de
interpretação, ideias que agregam ao Espiritismo elementos de outras doutrinas
espiritualistas, descaracterizando o seu ensino e sua prática.
Já em sua época, Kardec se preocupava com o que
seria publicado em temos de Espiritismo. Mais ainda, quando se tratava de
livros mediúnicos. Os critérios utilizados por ele, para analisar esses textos,
eram bastante rígidos. Não é demais lembrarmos que aceitar tudo o que venha dos
espíritos, ou de qualquer outra fonte, sem o devido exame e cautela, é
enveredar por um caminho perigoso e cheio de armadilhas. Analisando as chamadas
comunicações apócrifas, o Codificador assim se expressou:
De fato, a
facilidade com que algumas pessoas aceitam tudo o que vem do mundo invisível,
sob o pálio de um grande nome, é que anima os Espíritos embusteiros. A lhes
frustrar os embustes é que todos devem consagrar a máxima atenção; mas, a tanto
ninguém pode chegar, senão com a ajuda da experiência adquirida por meio de um
estudo sério. Daí o repetirmos incessantemente: Estudai, antes de praticardes,
porquanto é esse o único meio de não adquirirdes experiência à vossa própria
custa.
(Allan Kardec.
O Livro dos Médiuns. Cap. 31, Comunicações apócrifas, XXXIII.)
Allan Kardec enfatiza o estudo como forma de
discernimento do que o Espiritismo aceita e daquilo que ele se distancia.
Assim, o conhecimento das Obras Básicas, nunca será demais salientar,
representa base segura para o entendimento da Doutrina. Todavia, mesmo assim é
necessário ter cautela com as interpretações, muitas vezes apressadas, que se
fazem também sobre elas.
Interpretar não significa modificar os
fundamentos da Doutrina Espírita. Na verdade, a interpretação é um
esforço da inteligência por “encontrar um sentido oculto”, que não está,
necessariamente, claro. Logo, a capacidade de interpretação é inerente ao ser
humano. Deveremos usá-la de forma responsável e
compromissada com o conjunto da teoria.
Essa relação dialética se processa
também, no diálogo crítico do leitor com a obra. Mas é preciso que esse diálogo
se distancie das leituras simplistas, onde, muitas vezes, se busca afirmar o
conteúdo doutrinário através de posturas acríticas, influenciadas pela teologia
tradicional, pelo primarismo religioso, grilhões que produzem crenças
superficiais. Através de sua metodologia, Kardec nos ensinou
a dialogar com a
fonte das informações usando os instrumentos da razão, da lógica, e do bom
senso.
sábado, 2 de novembro de 2013
A PROPÓSITO DA COMEMORAÇÃO DOS MORTOS
Revista
Espírita, dezembro de 1864
Da
Comunhão do pensamento
A
PROPÓSITO DA COMEMORAÇÃO DOS MORTOS
ALLAN
KARDEC
A
Sociedade Espírita de Paris reuniu-se especialmente, pela primeira vez, a 2 de
novembro de 1864, visando a oferecer uma piedosa lembrança a seus falecidos
colegas e irmãos espíritas. Naquela ocasião o Sr. Allan Kardec desenvolveu o
princípio da comunhão do pensamento, no discurso seguinte:
Caros
irmãos e irmãs espíritas,
Estamos
reunidos, neste dia consagrado pelo uso à comemoração dos mortos, para dar
aqueles dos nossos irmãos que deixaram a terra, um testemunho particular de
simpatia, para continuar as relações de afeição e de fraternidade, que existiam
entre eles e nós, enquanto vivos, e para chamar para eles as bondades do
Todo-Poderoso. Mas, porque nos reunirmos? porque nos desviarmos de nossas
ocupações? Não pode cada um fazer em particular aquilo que nos propomos fazer
em comum? Não o faz cada um pelos seus? Não o pode fazer diariamente todos os
dias e à cada hora? Qual, então, a utilidade de assim se reunir num dia
determinado? É sobre este ponto, senhores, que me proponho apresentar-vos algumas
considerações.
O
favor com que a ideia desta reunião foi acolhida é a primeira resposta a essas
diversas questões. Ela é o índice da necessidade que experimentamos ao nos
acharmos juntos numa comunhão de pensamentos.
Comunhão
de pensamentos! Compreendemos bem todo o alcance desta expressão? É permitido
duvidá-lo, pelo menos do maior número. O Espiritismo, que nos explica tantas
coisas pelas leis que revela, ainda vem explicar a causa, os efeitos e a força
dessa situação de espírito.
Comunhão
de pensamento quer dizer pensamento comum, unidade de intenção, de vontade, de
desejo, de aspiração. Ninguém pode desconhecer que o pensamento é uma força. É,
porém, uma força puramente moral e abstrata? Não: do contrário não se
explicariam certos efeitos do pensamento e, ainda menos, da comunhão de
pensamento. Para compreendê-lo é preciso conhecer as propriedades e a ação dos
elemento que constituem nessa essência espiritual, e é o Espiritismo que no-las
ensina.
O
pensamento é o atributo característico do ser espiritual; é ele que distingue o
espírito da matéria; sem o pensamento o espírito não seria espírito. A vontade
não é um atributo especial do espírito; é o pensamento chegado a um certo grau
de energia; é o pensamento transformado em força motriz. É pela vontade que o
espírito imprime aos membros e ao corpo movimentos num determinado sentido. Mas
se tem a força de agir sobre os órgãos materiais, quanto maior não deve ser
sobre os elementos fluídicos que nos rodeiam! O pensamento age sobre os fluídos
ambientes, como o som sobre o ar; esses fluidos nos trazem o pensamento, como o
ar nos traz o som. Pode, pois, dizer-se com toda a verdade que há nesses
fluidos ondas e raios de pensamento que se cruzam sem se confundir, como há no
ar ondas e raios sonoros.
Uma
assembleia é um foco onde irradiam pensamentos diversos; é como uma orquestra,
um coro de pensamentos onde cada um produz a sua nota. Disto resulta uma porção
de correntes e de eflúvios fluídicos dos quais cada um recebe a impressão dos
sons pelo sentido da audição.
Mas,
assim como há raios sonoros harmônicos ou discordantes. Se o conjunto for
harmônico a impressão é agradável; se for discordante, a impressão será
penosa. Ora, por isto, é necessário que o pensamento seja formulado em
palavras; a radiação fluídica não deixa de existir, quer seja, ou não expressa.
Se todas forem benevolentes, todos os assistentes experimentarão um verdadeiro
bem-estar, sentir-se-ão à vontade; mas se se misturarem pensamentos maus,
produzirão o efeito de uma corrente de ar gelado num meio tépido.
Tal
é a causa do sentimento de satisfação que se experimenta numa reunião
simpática; aí como que reina uma atmosfera salubre, onde se respira à vontade;
dai se sai reconfortado, porque aí nos impregnamos de eflúvios salutares. Assim
também se explicam a ansiedade, o mal-estar indefinível dos meios antipáticos,
onde pensamentos malévolos provocam, por assim dizer, correntes fluídicas
malsãs.
A
comunhão de pensamentos produz, pois, uma espécie de efeito físico que age
sobre o moral. Só o Espiritismo poderia faze-lo compreender. O homem o sente
instintivamente, desde que procura as reuniões onde sabe encontrar essa
comunhão; nessas reuniões homogêneas e simpáticas, colhe novas forças morais;
poderia dizer-se que aí recupera pelos alimentos as perdas do corpo material.
Essas
considerações, senhores e caros irmãos, parecem nos afastar do objetivo
principal de nossa reunião e, contudo, elas para aqui nos conduzem diretamente. As
reuniões que têm por objeto a comemoração dos mortos repousam na comunhão de
pensamentos. Para compreender a sua utilidade, era necessário bem definir
a natureza e os efeitos desta comunhão.
Para
a explicação das coisas espirituais, por vezes me sirvo de comparações muito
materiais e, talvez mesmo, um tanto forçadas, que nem sempre devem ser tomadas
ao pé da letra. Mas é procedendo por analogia, do conhecido para o
desconhecido, que chegamos a nos dar conta, ao menos aproximadamente, do que
escapa aos nossos sentidos; é tais comparações que a doutrina espírita deve, em
grande parte, ter sido facilmente compreendida, mestiço pelas mais vulgares
inteligências, ao passo que se eu tivesse ficado nas abstrações da filosofia
metafísica, ainda hoje ela não teria sido partilhada senão de algumas
inteligências de escol. Ora, desde o princípio, importava que ela fosse aceita
pelas massas, porque a opinião das massas exerce uma pressão que acaba fazendo
lei e triunfando das oposições mais tenazes. Eis por que me esforcei em
simplificá-la e torná-la clara, a fim de a pôr ao alcance de todos, com o risco
de a fazer contestada por certa gente quanto ao título de filosofia, por que
não é bastante abstrata e saiu do nevoeiro da metafísica clássica.
Aos
efeitos que acabo de descrever, tocante a comunhão de pensamentos junta-se um
outro, que é sua conseqüência natural, e que importa não perder de vista: é a
força que adquire o pensamento, ou a vontade, pelo conjunto dos pensamentos ou
vontades reunidas. Sendo a vontade uma força ativa, essa força é multiplicada
pelo número de vontades idênticas, como a força muscular é multiplicada pelo
número de braços.
Estabelecido
este ponto, concebe-se que nas relações que se estabelecem entre os homens e os
Espíritos haja, numa reunião onde reine perfeita comunhão de pensamentos, uma
força atrativa ou repulsiva, que nem sempre possui a criatura isolada. Se, até
o presente, as reuniões muito numerosas são menos favoráveis, é pela
dificuldade de obter uma perfeita homogeneidade de pensamentos, e que se deve à
imperfeição da natureza humana na terra. Quanto mais numerosas as reuniões,
mais aí se mesclam elementos heterogêneos, que paralisam a ação dos bons
elementos, e que são como os grãos de areia numa engrenagem. Assim não é nos
mundos mais avançados e tal estado de coisas mudará na terra, à medida que os
homens se tornarem melhores.
Para
os Espíritas, a comunhão dos pensamentos tem um resultado ainda mais especial.
Temos visto o efeito desta comunhão de homem a homem. O Espiritismo nos prova
que ele não é menor dos homens aos Espíritos, e reciprocamente. Com efeito, se
o pensamento coletivo adquire força pelo número, um conjunto de pensamentos
idênticos, tendo o bem por objetivo, terá mais força para neutralizar a ação
dos maus Espíritos. Também vemos que a tática destes últimos é levar à divisão
e ao isolamento. Sozinho, um homem pode sucumbir, ao passo que se sua vontade
for corroborada por outras vontades, ele poderá resistir, conforme o axioma: A
união faz a força, axioma verdadeiro, tanto no moral quanto no físico.
Por
outro lado, se a ação dos Espíritos malévolos pode ser paralisada por um
pensamento comum, é evidente que a dos bons Espíritos será ajudada; sua
influência salutar não encontrará obstáculos; seus eflúvios fluídicos, não
sendo detidos por correntes contrárias, espalhar-se-ão sobre todos os
assistentes, precisamente porque todos os terão atraído pelo pensamento, não
cada um em proveito pessoal, mas em proveito de todos, conforme a lei da
caridade. Descerão sobre eles como em línguas de fogo, para nos servirmos de
uma admirável imagem do Evangelho.
Assim,
pela comunhão de pensamentos, os homens se assistem entre si e, ao mesmo tempo,
assistem os Espíritos e são por estes assistidos. As relações do mundo visível
e do mundo invisível não são mais individuais, são coletivas e, por isto mesmo,
mais poderosas em proveito das massas, como no do individuos. Numa palavra,
estabelece a solidariedade, que é a base da fraternidade. Ninguém trabalha para
si só, mas para todos; e trabalhando para todos, cada um aí encontra a sua
parte. É o que o egoísmo não compreende.
Todas
as reuniões religiosas, seja qual for o culto a que pertençam, são fundadas na
comunhão de pensamentos; é aí, com efeito, que podem e devem exercer toda a sua
força, porque o objetivo deve ser o desligamento do pensamento do domínio da
matéria. Infelizmente a maioria se afasta deste princípio, à medida que tornam
a religião uma questão de forma. Disto resulta que cada um, fazendo seu dever
consistir na realização da forma, se julga quites com Deus e com os homens,
desde que praticou uma formula. Resulta ainda que cada um vai aos lugares de
reuniões religiosas com um pensamento pessoal, por conta própria e, na maioria
das vezes, sem nenhum sentimento de confraternidade, em relação aos outros
assistentes: isola-se em meio à multidão e só pensa no céu para si próprio.
Certamente
não era assim que o entendia Jesus, quando disse: Quando estiverdes diversos,
reunidos em meu nome, eu estarei em vosso meio. Reunidos em meu nome, isto é,
com um pensamento comum. Mas não se pode estar reunido em nome de Jesus sem
assimilar os seus princípios, a sua doutrina. Ora, qual é o princípio
fundamental da doutrina de Jesus? A caridade em pensamentos, palavras e ação. Os
egoístas e os orgulhosos mentem quando se dizem reunidos em nome de Jesus,
porque Jesus não os conhece por seus discípulos.
Tocados
por esses abusos e desvios, algumas pessoas negam a utilidade das assembleias
religiosas e, conseqüentemente, dos edifício a elas consagrados. Em seu
radicalismo, pensam que seria melhor construir hospícios do que templos, visto
como o templo de Deus está em toda a parte e em toda a parte pode ser adorado,
que cada um pode orar em sua casa e a qualquer hora, ao passo que os pobres, os
doentes e os enfermos necessitam de lugar de refúgio.
Mas
porque se cometem abusos, porque se afastam do reto caminho, segue-se que não
existe o reto caminho e que é mau tudo de que se abusa? Não, por certo. Falar
assim é desconhecer a fonte e os benefícios da comunhão de pensamentos,
que deve ser a essência das assembleias religiosas; é ignorar as causas que a
provocam. Que os materialistas professam semelhantes idéias, compreende-se;
porque, para eles, em tudo fazem abstração da vida espiritual; mas da parte dos
espiritualistas e, melhor ainda, dos Espíritas, seria insensatez. O
isolamento religioso, como o isolamento social, conduz ao egoísmo. Que alguns
homens sejam bastante fortes por si mesmos, fartamente dotados pelo coração,
para que sua fé e caridade não necessitem ser aquecidas num foco comum, é
possível. Mas não é assim com as massas, a que falta um estimulante, sem o qual
poderiam deixar-se tomar pela indiferença. Além disso qual o homem que poderá
dizer-se bastante esclarecido para nada ter que aprender no tocante aos
interesses futuros? bastante perfeito para prescindir dos conselhos para a vida
presente? Será sempre capaz de instruir-se por si mesmo? Não. A maioria
necessita de ensinamentos diretos em matéria de religião e moral, como em matéria
de ciência. Sem contradita, tais ensinos podem ser dados em toda a parte, sob a
abóbada do céu, como sob a de um templo. Mas, por que os homens não haveriam de
ter lugares especiais para as coisas celestes, como os têm para as terrenas?
Porque não teriam assembleias religiosas, como têm assembleias políticas,
científicas e industriais? Isto impede as fundações em beneficio dos infelizes.
Dizemos, ainda mais, que quando os homens compreenderem melhor seus interesses
do céu, haverá menos gente nos hospícios.
Falando
de maneira geral e sem alusão a nenhum culto, se as assembleias religiosas
muitas vezes se afastaram de seu objetivo principal, que é a comunhão fraterna
do pensamento; se o ensino que aí é dado nem sempre seguiu o movimento
progressivo da humanidade, é que os homens não cumprem todos os progressos ao
mesmo tempo; o que não fazem num período, fazem em outro; à medida que se
esclarecem, vêem as lacunas existentes em suas instituições, e as preenchem;
compreendem que o que era bom numa época, em relação ao grau de civilização,
torna-se insuficiente numa etapa mais adiantada, e restabelecem o nível.
Sabemos que o Espiritismo é a grande alavanca do progresso em todas as coisas;
ele marca uma era de renovação. Saibamos, pois, esperar, e não peçamos a uma
época mais do que ela pode dar. Como as plantas, é preciso que as idéias
amadureçam para colher os frutos. Saibamos, além disso, fazer as necessárias
concessões às épocas de transição, porque nada na natureza se opera de maneira
brusca e instantânea.
Em
razão do motivo que hoje nos reúne, senhores e caros irmãos, julguei oportuno
aproveitar a circunstância para desenvolver o princípio da comunhão de
pensamentos, do ponto de vista do Espiritismo. Sendo o nosso objetivo
unirmo-nos em intenção para oferecer, em comum, um testemunho particular de
simpatia aos nossos irmãos falecidos, poderia ser útil chamar nossa atenção
para as vantagens da reunião. Graças ao Espiritismo, compreendemos a força e os
efeitos do pensamento coletivo; podemos melhor explicar-nos o sentimento de
bem-estar que se experimenta num meio homogêneo e simpático; mas, igualmente,
sabemos que o mesmo se dá com os Espíritos, porque eles sabem receber os
eflúvios de todos os pensamentos benevolentes, que para eles se elevam, como
uma nuvem de perfume. Os que são felizes experimentam a maior alegria neste
concerto harmonioso; os que sofrem sentem com isto o maior alívio.Cada um de
nós, em particular, ora de preferência por aqueles que o interessam ou que mais
estima. Façamos que aqui todos tenham sua parte nas preces dirigidas a Deus.
sábado, 26 de outubro de 2013
LUC FERRY: UM OLHAR SOBRE O AMOR
“O amor é uma das poucas coisas absolutas,
indiscutíveis hoje em dia. E a única coisa capaz de dar sentido à vida é o
absoluto. Antigamente, o valor absoluto era uma coisa transcendente, ou seja,
superior a nós, como Deus e a eternidade. O valor absoluto caía do céu. Mas,
agora, ele está em nós. É o que chamo de transcendência na imanência. É mais ou
menos como quando alguém se apaixona: ele descobre a transcendência do outro,
mas consciente de que o sentimento foi criado dentro de si. Hoje, a verdade não
é mais descoberta sob argumentos
autoritários e superiores, mas na sua parte mais íntima – o coração.”
Assista Luc Ferry: A sabedoria do amor: existem três
relações que podemos estabelecer com aqueles que amamos: http://youtu.be/rrT5xt1SWQI
A boa vida: morte, doença, educação e banalidades do
cotidiano são questões ara além da moral: http://youtu.be/zwIfuuYgnr0
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
O MOMENTO É DE REVISITARMOS KARDEC!
Jerri Almeida
Se um grande problema no entendimento do espiritismo é o estudo
fragmentado, sem conexão entre os textos de Kardec, podemos considerar que isso
irá repercutir em outro problema: a não compreensão, ou compreensão distorcida
e limitada, de algumas palavras utilizadas pelos espíritos ou pelo próprio
Kardec. Uma leitura apressada compromete o entendimento de toda teoria. Uma
palavra costumeira poderá ser empregada, dentro de uma doutrina, com outro
sentido, diferente daquele que estamos habituados. Assim, se fizermos uma leitura fragmentada,
atribuiremos um significado cotidiano para certa palavra, nos distanciando do
seu real significado no conjunto da teoria. Um exemplo bem significativo é a
palavra “castigo” (ou “punição”), por vezes encontrada em questões (258 a.,
295, 328, 714 a., 964, 973, 1009...) de O
Livro dos Espíritos.
Uma leitura impulsiva, superficial, desses textos poderá levar o leitor
à conclusão de que Deus castiga o ser humano em seus deslizes vivenciais.
Kardec, na questão 258 a., chegou indagar: “Não é Deus, então, quem lhe impõe as tribulações da vida,
como castigo?”. As crenças
equivocadas que construímos sobre Deus, ao longo de séculos de teologia do
medo, ao lado de explicações pueris para os sofrimentos humanos, criou um
arquétipo em nosso psiquismo do Deus, como dizia Voltaire, “a imagem e
semelhança do homem”. Trata-se do deus Javístico, possuidor das mesmas
imperfeições humanas.
Após longos séculos de vivências de um
imaginário religioso arbitrário, chegamos ao espiritismo e somos convidados por
ele a mudarmos esse imaginário perverso. Ocorre que mesmo aí, o
espiritismo não foi bem compreendido. Para muitos, que costumam fazer leituras
fragmentadas, Deus continua castigando. Não perceberam que o termo “castigo”
utilizado nas obras, longe de expressar aquele conceito teológico tradicional,
traduz uma ação educativa, como consequência natural, derivada de certos
movimentos das experiências vivenciais do espírito. A forma como nos
movimentamos na vida, repercute como ondulações de variadas intensidades,
gerando processos/estímulos que objetivam a harmonia do sistema indivíduo/evolução.
Ainda não compreendemos muitas coisas sobre Deus, o que é natural, mas
já percebemos o que não deriva Dele. O espiritismo não é reducionista, sua base
teórica não repousa na teologia, mas na experimentação e na filosofia, o que
lhe permitiu desenvolver um pensamento aberto, antidogmático, crítico e,
portanto, racionalista. Não viria ele reafirmar princípios já existentes e
ultrapassados para o pensamento moderno. Por isso, chamamos atenção para o
estudo meticuloso, integrado ou sistêmico das obras básicas e dos demais
escritos de Kardec. Somente assim, evitaremos o entendimento simplista dos
princípios espíritas.
O momento é de revisitarmos Kardec! Retomarmos o estudo meticuloso de
sua variada obra, pois dessa forma, ouvindo a voz da essência, compreenderemos
o que é de fato o espiritismo.
(O Semeador, outubro de 2013)
sexta-feira, 4 de outubro de 2013
Uma história emocionante!
Quando o
senhor Brown chegou ao hospital, em uma pequena cidade da Irlanda, recebeu a
notícia de que sua esposa havia dado à luz a um menino. Corria o ano de 1932. O
casal Brown, como seria de se esperar, havia idealizado um filho dentro dos
padrões “normais”. Criaram, certamente, expectativas de estarem gerando uma
criança sadia, que seguiria um desenvolvimento natural, repleto de situações
alegres. Ele iria mamar, engatinhar, aprender os primeiros passos, balbuciar
pequenas sílabas, falar “mamãe” e “papai”, entrar para a escola, se formar,
etc.
Mas, naquele
dia em que chegou ao hospital, o senhor Brown foi tomado de um enorme choque ao
ouvir dos médicos que seu filho nascera com uma paralisia cerebral que lhe
tiraria todos os movimentos do corpo e que, portanto, com sorte, seu filho iria
ser um pouco mais que um vegetal. Nesse momento inesperado, diante da negativa
de um filho idealizado, o pai, confuso, deixa-se tomar por um sentimento de
fracasso por gerar um filho deficiente.
O menino, que
receberia o nome de Christy Brown, possuía movimentos somente em seu pé
esquerdo. Durante sua infância e juventude, Christy viveu em uma casa simples
com sua família. Sua mãe cuidava, também, de seus outros filhos e se dedicava
às atividades domésticas, além de passar para os filhos uma educação religiosa
com base em valores éticos. O pai, de temperamento autoritário, vivia
trabalhando para sustentar o lar, conforme os padrões familiares da época.
Christy
observava tudo em sua volta, buscando, apesar de suas dificuldades, interagir
com a família. Mas a dificuldade de comunicação era enorme devido ao
comprometimento motor e a desarmonia dos músculos da face, que obstaculizavam a
articulação da fala. Sua postura e sua mobilidade enfrentavam igual
complicação, Dessa forma, após algum tempo, Christy ganhou um carrinho de mão
para ser transportado, já que sua família não possuía recursos para comprar uma
cadeira de rodas.
Movido por um
grande amor pela vida, Christy Brown, ao longo do tempo, passou a demonstrar
sua inteligência e sensibilidade, quer jogando futebol com seus amigos na rua,
onde ficava deitado na calçada buscando com seu pé atingir a bola, ou em casa,
através de olhares afetuosos para sua família. Dessa forma, vivia com um
semblante de quem não desanimava diante da existência de desafios.
Talvez um dos
momentos mais marcantes da vida de Christy, foi quando ele, ainda criança,
segurou, com grande esforço, um giz entre os dedos do pé esquerdo e conseguiu
escrever a palavra “mamãe”, diante do espanto e surpresa de toda a família.
Naquela emoção que envolveu o ambiente familiar, o senhor Brown, seu pai, pega
o menino nos ombros e o leva até o bar, apresentando-o a seus amigos, não como
um inválido, mas como um “gênio”.
Movimentando
somente seu “pé esquerdo”, Christy descobriu que podia pintar e passou a
produzir quadros. Descobriu, também, a leitura e a escrita, e tornou-se
escritor. Sua primeira obra foi a história de sua própria vida. Em 1959,
conheceu Mary Carr, com quem terminou se casando tempos depois. O marcante em
sua história não é, como alguns poderiam pensar, suas deficiências, mas a sua
determinação em superá-las, não se permitindo desanimar ou deprimir.
A história de
Christy Brown foi para o cinema através do filme “Meu pé esquerdo”, do diretor
Daniel Day Lewis. Sua vida é uma lição de sabedoria, vivenciada em face aos
desafios das limitações impostas por um corpo frágil. Christy era, no entanto,
um espírito determinado, com grande potencial interior e forca de vida para ser
feliz.
Do livro: O Desafio da Felicidade: em um mundo em
transformação. Jerri Almeida. Ed. Francisco Spinelli, 2007.
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
O QUE É O ESPIRITISMO EM 11 AFIRMAÇÕES DE ALLAN KARDEC
1.O QUE É O ESPIRITISMO.
In “Iniciação
Espírita” – EDICEL – 9ª edição - Introdução - 1859
“O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma
doutrina filosófica. Como ciência prática, consiste nas relações que se podem
estabelecer com os Espíritos; como filosofia, compreende todas as consequências
morais que decorrem dessas relações. Podemos assim defini-lo: O ESPIRITISMO É
UMA CIÊNCIA QUE TRATA DA NATUREZA, DA ORIGEM E DO DESTINO DOS ESPÍRITOS, E DE
SUAS RELAÇÕES COM O MUNDO CORPORAL” Allan Kardec.
2.O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – Cap. 1, item 6.
“O Espiritismo é a ciência nova que vem revelar aos homens, por meio de
provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo invisível e as suas
relações com o mundo visível.” Allan Kardec.
3.A GÊNESE – Cap. 1, item 13
“[...] enfim, porque a doutrina não foi ditada completa, nem imposta à
crença cega: porque é deduzida, pelo trabalho do homem, da observação dos fatos
que os Espíritos lhe põem sob os olhos e das instruções que ele estuda,
comenta, compara, a fim de tirar ele próprio as ilações e aplicações.” Allan Kardec.
4.O QUE É O ESPIRITISMO – Terceiro Diálogo
"O Espiritismo é, antes de tudo, uma ciência e não se ocupa de
questões dogmáticas. Esta ciência tem consequências morais, como todas as
ciências filosóficas. (...) Seu verdadeiro caráter é, portanto, o de uma
ciência e não o de uma religião”. Allan
Kardec.
5.A GÊNESE – Cap. 1, item 55
“Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será
ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro
acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade
nova se revelar, ele a aceitará.”
6.REVISTA ESPÍRITA – JULHO DE 1859.
Resposta à réplica do Abade Chesnel em “L’Univers”
“Realmente, senhor abade, é abusar do direito de interpretar as
palavras. Como já o disse, o Espiritismo está fora de todas as crenças
dogmáticas, com o que não se preocupa; nós o consideramos uma ciência
filosófica que nos explica uma porção de coisas que não compreendemos e, por isso
mesmo, em vez de abafar as ideias religiosas como certas filosofias, fá-las
brotar naqueles em que elas não existem. Se, entretanto, o quiserdes elevar a
todo custo ao plano de uma religião, vós o atirais num caminho novo.” Allan Kardec.
7.REVISTA ESPÍRITA – ABRIL DE 1862.
Consequências da doutrina da reencarnação
“Todas as questões morais, psicológicas e metafísicas se ligam de
maneira mais ou menos direta à questão do futuro. Disso resulta que essa última
questão, em certo modo, depende da racionalidade de todas as doutrinas filosóficas
e religiosas. Por sua vez, o Espiritismo vem, não como uma religião, mas como
doutrina filosófica, trazer a sua teoria, apoiada no fato das manifestações.”
Allan Kardec.
8.REVISTA ESPÍRITA – Dezembro de 1861
– Organização do Espiritismo, item 17.
“Como se vê, nossas instruções se dirigem exclusivamente aos grupos
formados por elementos sérios e homogêneos; os que querem seguir a rota do
Espiritismo moral, visando o progresso
de cada um, fim essencial e
único da doutrina.” Allan Kardec
9.O LIVRO DOS ESPÍRITOS –
Conclusão, item 6.
“Falsíssima ideia formaria do Espiritismo quem julgasse que a sua força
lhe vem da prática das manifestações materiais e que, portanto, obstando-se a
tais manifestações, se lhe terá minado a base. Sua força está na sua filosofia,
no apelo que dirige à razão, ao bom senso.”
Allan Kardec.
10.O LIVRO DOS ESPÍRITOS –
Conclusão, item 7.
“O Espiritismo se apresenta sob três aspectos diferentes: o das manifestações,
o dos princípios e da filosofia que delas decorrem e o da aplicação desses
princípios. Daí, três classes, ou, antes, três graus de adeptos: 1º os que
creem nas manifestações e se limitam a comprová-las; para esses, o Espiritismo
é uma ciência experimental; 2º os que lhe percebem as consequências morais; 3º
os que praticam ou se esforçam por praticar essa moral. Qualquer que seja o
ponto de vista, científico ou moral, sob que considerem esses estranhos
fenômenos, todos compreendem constituírem eles uma ordem, inteiramente nova de
ideias, que surge e da qual não pode deixar de resultar uma profunda
modificação no estado da Humanidade e compreendem igualmente que essa modificação
não pode deixar, de operar-se no sentido do bem.” Allan Kardec.
11.O LIVRO DOS ESPÍRITOS –
Conclusão, item 8.
“Não, o Espiritismo não traz moral diferente da de Jesus. Mas,
perguntamos, por nossa vez: Antes que viesse o Cristo, não tinham os homens a
lei dada por Deus a Moisés? A doutrina do Cristo não se acha contida no
Decálogo? Dir-se-á, por isso, que a moral de Jesus era inútil? Perguntaremos,
ainda, aos que negam utilidade à moral espírita: Por que tão pouco praticada é
a do Cristo? E por que, exatamente os que com justiça lhe proclamam a
sublimidade, são os primeiros a violar lhe o preceito capital: o da caridade universal? Os Espíritos vêm não só confirma-la,
mas também mostrar-nos a sua utilidade prática. Tornam inteligíveis e patentes
verdades que haviam sido ensinadas sob a forma alegórica.” Allan Kardec.
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